Uma Pick Up, com as determinações da equipe do Choque de Ordem, atravessou a avenida e parou na faixa da esquerda, onde, de forma rápida e veloz, motorista e carona desembarcaram e correram contra o vendedor de biscoitos.
O que mais chamou a atenção não foi o movimento em repressão aos comerciantes irregulares, que compram mercadorias e vendem nos sinais e em vários outros pontos, foi, simplesmente, o trato ao ser que todo o dia vende biscoitos naquele determinado ponto.
Ele não reagiu, não correu, muito menos falou, só teve, em um momento, seu braço puxado como quem fosse um marginal, levado ao canteiro central para levar e ouvindo uma grande repreensão. Parado no sinal, sem saber o que acontecei, andei e fiquei fechado pelo mesmo veículo da operação Choque de Ordem, o qual, de forma surpreendente, ficou parado com as portas abertas e atravessado na faixa da esquerda.
Caros leitores, não posso justificar o ato de vender mercadorias sem o seu devido recolhimento de impostos, porém não posso justificar que a melhor forma de repressão é extinguir os famosos vendedores de biscoitos, balas e amendoins das ruas cariocas.
Não que seja uma tradição, tão menos um ato marginal, mas sim um ato de sobrevivência.
O Senhor abordado trabalha todo o santo dia, vendendo Biscoito de Polvilho Globo, porém mereceu o mesmo tratamento de um marginal que vende drogas nas espreitas e vielas da cidade.
Respeitar o ser, mesmo que ele esteja erado, é uma condição mínima de ordem. Ninguém gosta de vender algo nas ruas, estando sujeito a assaltos, atropelamentos e, até mesmo, a morte.
Lembro um fato que ocorreu na Década de 90, onde uma comitiva do Governador estava engarrafada num viaduto próximo ao Palácio Guanabara. Naquele momento, ao vislumbrar um vendedor de amendoim trajando um terno e vendendo aos altos brados, foi a direção do mesmo para apreender a mercadoria e retirar o mesmo do local.
A justificativa era ampla, desdo o berro de "amendoim torrado" até a comercialização irregular, porém o Governador que estava na comitiva chamou o Policial e o Vendedor a porta do carro, onde, em tom sereno, brincou dizendo que berrar em um trânsito caótico era desproporcional ao bem-estar, mas que o mesmo deveria utilizar um apito, igual ao do Policial, o qual, com a licença do Governador, deu seu apito ao comerciante.
O fato não foi uma omissão, foi, simplesmente, um ato de respeito, ao contrário do que visualizamos na foto.
Trabalhar não é um crime, é uma necessidade para sobreviver sem ser um marginal.
Na foto abaixo vocês podem observar o que um ato covarde reflete em ação, pois ao ouvirem as buzinas de carros e verificarem pessoas tirando fotos os Agentes da Ordem desistiram da importante operação.
Gostei muito deste post, pois já presenciei situação semelhante.
ResponderExcluirParabéns!
Abçs.