O assunto não poderia ser outro, senão a queda do Edifício Liberdade, que sempre chamou a atenção pelo nome e localização.
Localização nobre, onde inúmeras pessoas, de várias classes sociais, atravessam de um lado para o outro, no ritmo alucinado de um Centro financeiro, que chama a atenção pelo glamour e charme de seus prédios e paisagens.
O nome Liberdade era ideal ao fim de expediente, ao desatar o nó da gravata ou desprender um botão da camisa... liberdade!
Não fui vítima, nem atingido diretamente, porém, ao caminhar pelo coração do Centro do Rio percebi um enorme vazio, percebia um vão, percebi a rapidez da volta que o mundo dá em uma vida, percebi que o Liberdade não existe mais.
O cheiro de borracha queimada, a poeira que parece uma neblina e incomoda os olhos e a arreia que suja o chão de várias ruas e sustentavam uma edificação, tudo soma uma única sensação: o vazio.
Faces assustadas, incrédulas e perdidas em um cenário sem definição, como corpos sem alma, sem destinos e sem chão.
Um buraco, um rombo e uma cicatriz que rompe uma sociedade. Uma ferida que demora a cicatrizar, deixa marcas e que abram a alma de uma sociedade.
Hoje, ao visualizar a Av. 13 de Maio, percebi um enorme vão, como um quadro que some da parede, uma porta que some de um local e uma árvore que some de uma paisagem.
O vazio da altitude do prédio Liberdade, que virou escombros, é o mesmo que reflete nas faces de quem caminha próximo ao cenário.
Três prédios foram ao chão, famílias desabaram entre o vão do vazio e sentimentos viraram pó do que um dia foi algo concreto, edificador.
Hoje foi possível perder o sentido do que é a imortalidade, observando o vazio que concretiza o fim e o concreto que se transforma em pó.
Hoje o Vazio resumiu o dia carioca.
Agora existem vítimas, completadas pelo vazio da sensação de sobreviver a insegurança da liberdade.
Apropriado, perfeito. Parabéns.
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