Postagens populares

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Casa no Campo.

Se Elis Regina fosse viva...

Ficaria assustada com cada resposta a versos e estrofes que o tempo sucumbiu a música Casa no Campo.

Uma triste realidade, parecendo uma comédia francesa, mas sendo uma realidade brasileira.

Vejam cada estrofe e sua nova resposta, uma triste e incongruente realidade, que soterra de esperança qualquer sombra de dignidade, que tenta sobreviver a seca e escassez de auxílio e amparos constitucionais, existentes e rasgados pelo ser corruptível.

Eis a comparação:


- Eu quero uma casa no campo


Resp: Tendo em vista as condições precárias das Regiões Serranas e Interiores do País, jamais! Falta luz, água, educação, saúde, lazer e obras básicas de infraestrutura. O Governo Federal destina verbas por uma pasta embriagada de más-intenções políticas, Estados recebem as verbas e desviam parte, Municípios desviam parte das verbas e as obras, quando saem do papel, param no tempo.

A casa no campo teria duas possibilidades: soterramento ou desapropriação, mas em ambos os casos uma solução espetacular, morar em local incerto, aguardando obras surreais e inexistentes, assim como repasses de verbas.

P.s: se for em Campos é pior ainda, pois existem diques de açúcar e improvisados.


- Onde eu possa compor muitos rocks rurais

Resp: Não iria compor Rock’s Rurais, pois no meio de tanta alagação não teria imaginação para compor algo que preste, muito menos pessoas para ouvir seu tom doce de voz e ternura... todos alagados.

- E tenha somente a certeza

Resp: Faltaria certeza, pois a falta de apoio estatal é tamanha que ninguém sabe se onde mora é suficiente para escapar de uma grande e iminente catástrofe. Caso o contrário, falta o mínimo de acesso à dignidade da pessoa humana.

- Dos amigos do peito e nada mais

Resp: Faltariam amigos do peito e algo mais, pois quase todos morreriam, ou arrastados pela lama ou pela ausência de água e infraestrutura básica.

- Onde eu possa ficar no tamanho da paz

Resp: Tardaria a paz em um dia de chuva ou longo período de sol, pois se molhar muitos a terra padece e se secar muito a terra empobrece.

- Eu quero carneiros e cabras pastando solenes

Resp: Carneiros e Cabras até existiriam, subnutridos ou alagados.

- E tenha somente a certeza
- Dos limites do corpo e nada mais
Resp: Teria plena certeza de até quando um ser consegue superar o limite da sobrevida desamparada.

- No meu jardim

Resp: O jardim não agüentaria tanta tristeza e padeceria de vida e abrigo em paz.

- Eu quero o silêncio das línguas cansadas

Resp: Teria o silêncio das línguas cansadas, que clamam por socorro e dignidade.

- Eu quero a esperança de óculos

Resp: Esperança de óculos poderia existir, ou em palavras sinceras de pessoas que se solidarizam com a extrema dor ou administradores desonestos que aproveitam a dor para surrupiar o bolso alheio.

- Meu filho de cuca legal

Resp: Cuca legal não sobreviveria a tanta insanidade administrativa.

- Eu quero plantar e colher com a mão

Resp: Plantar e colher com a mão, além de escavar com as mesmas.

- A pimenta e o sal

Resp: Pimenta e sal, talvez, mas terra e poeira sobram.

- Eu quero uma casa no campo
- Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé

Resp: Casa de pau-a-pique e sapé seria biodegradável.

- Onde eu possa plantar meus amigos

Resp: Muitos plantam seus amigos, infelizmente com a placa “ jaz aqui mais uma vítima do poder”.

- Meus discos e livros

Resp: Discos e livros... o que salvar ou conseguir.

- E nada mais

Resp: E nada mais é o que restou de muitos, que são poucos para o poder que desvia verbas, mas muitos na mazela social.


2 comentários:

  1. Eu tenho uma casa no campo..
    E a sinceridade mora dentro de mim.
    A felicidade é o que me guia.
    Segredo para vencer : buscar em cada derrota um motivo pra lutar !

    Lindo texto.

    ResponderExcluir
  2. É, amigo.A música já não cabe mais na nossa realidade.Virou utopia! Bjs!

    ResponderExcluir